Celebração na História da Igreja
Introdução:
Como é a preparação para a comemoração do aniversário de 1 ano da filha ou do filho?__________________
Celebração exige preparação.
A Igreja celebra durante o ano os mistérios de Cristo. Para celebrar estes mistérios, ela precisa se preparar bem.
É um trabalho comunitário.
A palavra liturgia significa "Trabalho Comunitário de Serviço a Deus".
A liturgia celebra os mistérios de Cristo.
Quais são os mistérios de Cristo?_________________________________________
Na semana e no ano, os cristãos foram comemorando os feitos do Senhor Jesus na vida da humanidade.
Assim como os judeus tinham festas fixas, os cristãos também passaram ter suas próprias festas para celebrar Cristo.
Como deve ser a celebração? Leiamos novamente o Salmo 100.
Veremos agora as datas celebrativas na História da Igreja.
I. O Domingo
Como Jesus ressuscitou no primeiro
dia da semana (Mc 16.2), a igreja passou a se reunir no primeiro dia para a
celebração do culto e da Eucaristia (I Co 16.2). O primeiro dia passou a se
chamar Dia do Senhor, Domingo.
A ordem de observar o sábado
era rigorosamente cumprida pelos Judeus. Aliás, foi no sábado que eles saíram
do Egito rumo à Terra prometida.
O primeiro dia da semana
judaica, posterior ao sábado, quando Cristo ressuscitou, tornou-se o dia de
culto dos cristãos ou o dia do Senhor. No ano de 57/58, em Trôade, na Ásia
Menor, os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana, conforme At 20.7, para
celebrar a Ceia do Senhor. Em 1Cor 16.2, Paulo recomenda aos fiéis a coleta em
favor dos pobres no primeiro dia da semana - o que supõe uma assembleia
religiosa realizada naquele dia.
O Domingo é o dia dedicado à
glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte, tomou adequadamente o nome de
"Kyriaké heméra", dia do Senhor, como se depreende de Ap 1.10:
"Fui arrebatado em espírito no dia do Senhor". O grego "Kyriaké
heméra" deu em latim "Dominica dies", donde, em
português, domiga ou domingo.
A celebração do domingo tem
origem na própria Igreja-mãe de Jerusalém, pois os apóstolos estavam reunidos
no 50º dia (Pentecostes), que era domingo, quando receberam o Espírito Santo
(At 2.1-3). Este quis se comunicar não num sábado, como Cristo também não quis
ressuscitar num sábado, mas no dia seguinte, domingo. O dia da santificação de
sua Igreja foi o domingo e não o sábado.
Desde o século II, há
depoimentos que atestam a celebração do domingo tal como foi instituída pelos
apóstolos, conscientes do significado da ressurreição de Cristo. Assim Inácio
de Antioquia (+110, aproximadamente) escrevia aos Magnésios: "Aqueles
que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando
mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se
levantou mediante Cristo e sua morte" (9, 1)
O Catecismo dos Apóstolos,
chamado de 'Didaqué', escrito no primeiro século de nossa era, também
prescreve, em seu artigo XIV: "Reúnam-se no dia do Senhor para partir o
pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de
vocês seja puro."
Em meados do século II,
encontra-se o famoso depoimento de Justino, escrito entre 153 e 155: "No
dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos,
se reúnam num mesmo lugar. Lêem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos
profetas... Quando a oração está terminada, são trazidos e vinho e água... Nós
nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as
trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo Salvador,
ressuscitou dos mortos nesse dia mesmo" (I Apologia 67, 3. 7).
Nessa passagem, Justino atesta
a celebração da Eucaristia no domingo. Chama-o "dia do sol"
porque se dirige a pagãos; faz questão, porém, de lembrar que tal designação é
de origem alheia, não cristã: "no dia dito do sol".
O Imperador Constantino apenas
legitimou a data do descanso no domingo para o Império Romano no ano de 321
d.C. Os adventistas dizem que foi o Imperador que inventou essa data como dia
de descanso. Mas erram gravemente. O domingo já era um dia santo de descanso
para a Igreja Primitiva e deve ser guardado por nós como o nosso sétimo dia.
Dia do Senhor. Dia de louvar ao Senhor.
Para os judeus, o primeiro dia da
semana comemorava a criação. Esta simbologia rapidamente passou a fazer parte
do pensamento cristo. O Domingo também passou a ter significado escatológico:
“era o oitavo dia no qual Deus inaugurou o novo mundo” (Ep. De Barnabé),
“imagem da era vindoura” (Basílio), “prefigurava o descanso eterno”
(Agostinho).
Vários eventos históricos passaram
a ser comemorados no Domingo. Teodolfo, no seu livro litúrgico Capitular,
escrito no ano 800 d.C e muito usado na Idade Média, escreveu: “Nesse dia Deus
estabeleceu luz; nele fez cair maná no deserto; nele o redentor da raça humana
voluntariamente ressuscitou para a nossa salvação; nele derramou o Espírito
Santo sobre os discípulos”.
Não conhecemos, na história,
Domingo onde a Santa Ceia não foi celebrada. A frequência no Domingo era
considerada obrigatória, mesmo na época da perseguição. Os mártires da
Abissínia testemunharam: “Não poderíamos viver sem celebrar o Dia do Senhor”.
Crisóstomo dizia: “Abster-se
desta refeição significa separar-se do Senhor”.
Como nos conta Tertuliano, nesse
dia era proibido jejuar, pois era um dia de festa. O Cânone 20 do Concílio de
Nicéia proibia ajoelhar neste dia. Por causa da sua importância singular,
desenvolveu-se um ofício da vigília de Sábado para Domingo.
Egeria, no século quarto, atesta
este costume no Oriente. Quando o batismo deixou de ser praticado somente na
vigília da páscoa, passou a ser realizado obrigatoriamente no Domingo. Nos
séculos nono e décimo, no Ocidente o rito de Asperges, lembrando o batismo era
praticado no Domingo.
II.
O Sábado
Alguns grupos judaizantes do
Novo Testamento preferiam observar o sábado na Igreja (Cl 2.16; Gl 4.10). Por
volta da metade do século quarto, em alguns lugares, a eucaristia era
regularmente celebrada também no Sábado.
III.
Quartas e Sextas-feiras
Os
judeus tinham dois dias de jejum: segundas e quintas-feiras. Os cristãos primitivos
separam as quartas e sextas-feiras. A
Quarta-feira era o dia da traição de Jesus, e a Sexta o dia da
crucificação. Estes dois dias eram
observados pelos primeiros metodistas.
Gregório
magno durante as invasões bárbaras sugerira aos bispos da Sicília o uso de uma
litania de intercessão a ser cantada nesses dias durante todo o ano. Na
Inglaterra medieval estes dias eram marcados pelo Cântico da litania, em geral
em procissão, e Cranmer continuou a tradição no Livro de Oração Comum.
IV. A Quaresma
A quaresma é
mencionada pela primeira vez no Concílio de Nicéia. Foi criada a partir de duas práticas da
Igreja Primitiva: O longo jejum anterior à Páscoa e o período de preparação
para o batismo. Desde o II século o candidato ao batismo esperava três anos
para ser batizado. O batismo ocorria uma vez ao ano, no dia da Páscoa. Na Sexta
feira ele ia à igreja e colocava as roupas de neófitos. Ali ficava em jejum até
o Domingo da ressurreição onde era batizado nu, em geral por derramamento.
O número
quarenta foi determinado pela duração do jejum do Senhor Jesus no deserto. Para
alguns líderes da igreja do passado, a quaresma terminava na Quinta-feira Santa
e a contagem de 40 dias não contemplava os sábados e domingos.
V. Domingo de Ramos
A feição característica do Domingo de Ramos na
Jerusalém do quarto século era a procissão de palmas iniciada no Monte das
Oliveiras na direção da cidade, de tarde. Essa cerimônia foi imitada pelos
fiéis da Espanha no quinto século, e da Gália, no sétimo. Desde os tempos primitivos começava em algum
lugar fora da igreja principal. No início da idade média, o centro da atenção
era o Livro do Evangelho, infelizmente depois foi substituído por relíquias e
pela hóstia.
Na Alemanha empregava-se um burrico de madeira, sobre
rodas, com a figura do Salvador montado em seu dorso, chamado Palmesel.
VI. Quinta-Feira Santa
A Quinta-feira Santa é o dia mais complexo do
calendário Cristão. Na Igreja Antiga, neste dia combinavam três elementos
importantes: a comemoração da última Ceia, a reconciliação dos penitentes e os
vários ritos preparatórios para o batismo do Sábado Santo, especialmente a
consagração dos óleos. Na época de Ambrósio praticava-se o Lava-pés em Milão no
Sábado Santo, contudo, esta celebração foi originalmente realizada na
Quinta-feira. A Igreja do II século celebrava a primeira Santa Ceia da Semana
Santa neste dia.
VII. Sexta-feira da Paixão
As duas características mais marcantes da liturgia
da Sexta-feira Feira da Paixão no Ocidente era a veneração da Cruz e a comunhão
do sacramento reservado, também chamada de Missa dos Pré-Santificados. Era
costume, nos dias de semana, quando não havia celebração da Missa, ter a
comunhão nas casas a partir do sacramento reservado. Não se sabe exatamente
quando o costume passou das casas para as igrejas, mas a mais antiga evidência
documentada situa-se no começo do século sétimo em Constantinopla.
VIII. Sábado Santo e Vigília da Páscoa
A característica mais antiga do Sábado Santo era o
jejum total. Era um dia considerado a-liturgico por excelência: nele não se
celebrava a Santa Ceia nem nas Igrejas do oriente nem nas Igrejas do Ocidente.
Neste dia
dava-se início a uma grande vigília que durava a noite inteira com cânticos,
leituras e orações. Em algumas igrejas eram celebradas reuniões de oração que
começavam na parte da tarde e ia até o outro dia.
Agostinho
dizia que esta era a mãe de todas as vigílias. 23 sermões de Agostinho que
sobreviveram até aos nossos dias, foram pregadas nas vigílias pascais.
Ao longo do tempo, a vigília do Sábado Santo ganhou
três propósitos: O batismo dos Catecúmenos, a iluminação e bênção do Círio
Pascal e a bênção do fogo novo.
A véspera da Páscoa já era considerada tempo por
excelência para o batismo nos dias de Tertuliano, mas foi apenas no quarto
século que o número de batizados de adultos aumentou. Neste dia também se
celebravam a bênção da Pia Batismal, onde as pias eram consagradas.
IX. Pentecostes:
Os
cinquenta dias da Páscoa constituem a mais antiga quadra do ano Cristão,
correspondendo em parte ao período do calendário judaico entre a Festa dos pães
Asmos e a Festa das Primícias. Tertuliano refere-se a esse período várias
vezes. Trata-se de um longo Domingo de cinquenta dias.
A Carta de Atanásio fala de magna dominica, grande Domingo – onde consequentemente não se pode jejuar nem ajoelhar.
Mais tarde a festa do Espírito Santo passou ser a Festa da descida do Espírito. Foi somente na segunda metade do século quarto que a Ascensão foi comemorada como evento histórico quarenta dias depois da Páscoa e o Dom do Espírito cinquenta dias depois da Páscoa. Esta festa nasceu por causa da necessidade de instituir uma celebração para destacar o papel do Espírito Santo frente as seitas que o negavam.
X. Natal
A Carta de Atanásio fala de magna dominica, grande Domingo – onde consequentemente não se pode jejuar nem ajoelhar.
Mais tarde a festa do Espírito Santo passou ser a Festa da descida do Espírito. Foi somente na segunda metade do século quarto que a Ascensão foi comemorada como evento histórico quarenta dias depois da Páscoa e o Dom do Espírito cinquenta dias depois da Páscoa. Esta festa nasceu por causa da necessidade de instituir uma celebração para destacar o papel do Espírito Santo frente as seitas que o negavam.
X. Natal
A festa do
Natal procurou substituir os festivais pagãos relacionados com o solstício de
inverno no dia 25 de dezembro. A data de 25 de dezembro foi fixada para
celebrar o nascimento do sol em 274, somente sessenta e dois anos antes da
primeira evidência da celebração cristã do Natal em Roma. O Natal passou a ser
amplamente celebrado somente a partir do quarto século.
XI.
Epifania
A
comemoração da Epifania é mais antiga do que a do Natal. Comemorava tanto a
natividade de Cristo como os eventos relacionados com ela, bem como o seu
batismo e o primeiro milagre de Caná. A festa da Epifania procurou substituir
os festivais pagãos relacionados com o solstício de inverno no Oriente, em
Alexandria, no dia 06 de janeiro. Este dia estava ligado ao nascimento virginal
de Aion/Dionísio e com diversas outras lendas de epifania nas quais os deuses
se manifestavam aos seres humanos, inclusive transformando água em vinho. Para mostrar a
soberania do cristianismo, passou a ser celebrado a Epifania de Jesus. Segundo
a narrativa de Egéria o conteúdo em Jerusalém era a natividade. Jerônimo que
morreu em 420, que passou 45 anos no Oriente, 24 deles em Belém, afirma que o
batismo era o conteúdo principal da Epifania. No ocidente na festa da Epifania
se comemorava a adoração dos magos, o batismo do Senhor e o milagre de Caná.
Tudo indica que o Natal e a Epifania eram uma única celebração e depois vindo a
se dividir em dois.
No
oriente, já na época dos pais capadócios, a Epifania era celebrada como dia de
batizados.
XII.
Advento
Hilário
de Poitiers (morto em 367) menciona um período preparatório de três semanas
para a Epifania na Galia. Nos séculos quinto e sexto esse período foi aumentado
para quarenta dias e calculado a partir do Natal. Em Roma originalmente
praticava-se apenas um dia de jejum antes do Natal. O Livro de Oração Comum e o
Missal romano de 1570 só tem um Advento de quatro semanas. Até o século doze o
Advento ainda era considerado um período de festa com o uso de vestes brancas e
com o canto do Glória in Exelsis. A Igreja Ortodoxa observa um jejum
preparatório para o natal, a partir de 15 de novembro.
Conclusão:
Esses são apenas
alguns pontos que destacamos na história da Celebração. Muitos importantes e
curiosos temas não foram abordados. A cultura de cada região corroborou com as
interpretações das igrejas com relação a sua vida litúrgica. O protestantismo assimilou parte da liturgia
católica e abandonou outras que achou contrárias a Palavra de Deus.
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