quarta-feira, 8 de março de 2017

Estudo 4 - A Celebração na História da Igreja

Celebração na História da Igreja
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Introdução: 
Como é a preparação para a comemoração do aniversário de 1 ano da filha ou do filho?__________________

Celebração exige preparação.

A Igreja celebra durante o ano os mistérios de Cristo. Para celebrar estes mistérios, ela precisa se preparar bem. 

É um trabalho comunitário. 

A palavra liturgia significa "Trabalho Comunitário de Serviço a Deus".

A liturgia celebra os mistérios de Cristo.

Quais são os mistérios de Cristo?_________________________________________

Na semana e no ano, os cristãos foram comemorando os feitos do Senhor Jesus na vida da humanidade.

Assim como os judeus tinham festas fixas, os cristãos também passaram ter suas próprias festas para celebrar Cristo.

Como deve ser a celebração? Leiamos novamente o Salmo 100.

Veremos agora as datas celebrativas na História da Igreja. 


I. O Domingo
             Como Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (Mc 16.2), a igreja passou a se reunir no primeiro dia para a celebração do culto e da Eucaristia (I Co 16.2). O primeiro dia passou a se chamar Dia do Senhor, Domingo.
 A ordem de observar o sábado era rigorosamente cumprida pelos Judeus. Aliás, foi no sábado que eles saíram do Egito rumo à Terra prometida.
 O primeiro dia da semana judaica, posterior ao sábado, quando Cristo ressuscitou, tornou-se o dia de culto dos cristãos ou o dia do Senhor. No ano de 57/58, em Trôade, na Ásia Menor, os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana, conforme At 20.7, para celebrar a Ceia do Senhor. Em 1Cor 16.2, Paulo recomenda aos fiéis a coleta em favor dos pobres no primeiro dia da semana - o que supõe uma assembleia religiosa realizada naquele dia.
 O Domingo é o dia dedicado à glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte, tomou adequadamente o nome de "Kyriaké heméra", dia do Senhor, como se depreende de Ap 1.10: "Fui arrebatado em espírito no dia do Senhor". O grego "Kyriaké heméra" deu em latim "Dominica dies", donde, em português, domiga ou domingo.
 A celebração do domingo tem origem na própria Igreja-mãe de Jerusalém, pois os apóstolos estavam reunidos no 50º dia (Pentecostes), que era domingo, quando receberam o Espírito Santo (At 2.1-3). Este quis se comunicar não num sábado, como Cristo também não quis ressuscitar num sábado, mas no dia seguinte, domingo. O dia da santificação de sua Igreja foi o domingo e não o sábado.
 Desde o século II, há depoimentos que atestam a celebração do domingo tal como foi instituída pelos apóstolos, conscientes do significado da ressurreição de Cristo. Assim Inácio de Antioquia (+110, aproximadamente) escrevia aos Magnésios: "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se levantou mediante Cristo e sua morte" (9, 1)
 O Catecismo dos Apóstolos, chamado de 'Didaqué', escrito no primeiro século de nossa era, também prescreve, em seu artigo XIV: "Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro."
 Em meados do século II, encontra-se o famoso depoimento de Justino, escrito entre 153 e 155: "No dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos, se reúnam num mesmo lugar. Lêem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas... Quando a oração está terminada, são trazidos e vinho e água... Nós nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo Salvador, ressuscitou dos mortos nesse dia mesmo" (I Apologia 67, 3. 7).
 Nessa passagem, Justino atesta a celebração da Eucaristia no domingo. Chama-o "dia do sol" porque se dirige a pagãos; faz questão, porém, de lembrar que tal designação é de origem alheia, não cristã: "no dia dito do sol".
 O Imperador Constantino apenas legitimou a data do descanso no domingo para o Império Romano no ano de 321 d.C. Os adventistas dizem que foi o Imperador que inventou essa data como dia de descanso. Mas erram gravemente. O domingo já era um dia santo de descanso para a Igreja Primitiva e deve ser guardado por nós como o nosso sétimo dia. Dia do Senhor. Dia de louvar ao Senhor.
             Para os judeus, o primeiro dia da semana comemorava a criação. Esta simbologia rapidamente passou a fazer parte do pensamento cristo. O Domingo também passou a ter significado escatológico: “era o oitavo dia no qual Deus inaugurou o novo mundo” (Ep. De Barnabé), “imagem da era vindoura” (Basílio), “prefigurava o descanso eterno” (Agostinho).
             Vários eventos históricos passaram a ser comemorados no Domingo. Teodolfo, no seu livro litúrgico Capitular, escrito no ano 800 d.C e muito usado na Idade Média, escreveu: “Nesse dia Deus estabeleceu luz; nele fez cair maná no deserto; nele o redentor da raça humana voluntariamente ressuscitou para a nossa salvação; nele derramou o Espírito Santo sobre os discípulos”.
                Não conhecemos, na história, Domingo onde a Santa Ceia não foi celebrada. A frequência no Domingo era considerada obrigatória, mesmo na época da perseguição. Os mártires da Abissínia testemunharam: “Não poderíamos viver sem celebrar o Dia do Senhor”.
                Crisóstomo dizia: “Abster-se desta refeição significa separar-se do Senhor”.
                Como nos conta Tertuliano, nesse dia era proibido jejuar, pois era um dia de festa. O Cânone 20 do Concílio de Nicéia proibia ajoelhar neste dia. Por causa da sua importância singular, desenvolveu-se um ofício da vigília de Sábado para Domingo.
                Egeria, no século quarto, atesta este costume no Oriente. Quando o batismo deixou de ser praticado somente na vigília da páscoa, passou a ser realizado obrigatoriamente no Domingo. Nos séculos nono e décimo, no Ocidente o rito de Asperges, lembrando o batismo era praticado no Domingo. 

II. O Sábado
                Alguns grupos judaizantes do Novo Testamento preferiam observar o sábado na Igreja (Cl 2.16; Gl 4.10). Por volta da metade do século quarto, em alguns lugares, a eucaristia era regularmente celebrada também no Sábado. 

III. Quartas e Sextas-feiras
                Os judeus tinham dois dias de jejum: segundas e quintas-feiras. Os cristãos primitivos separam as quartas e sextas-feiras.  A Quarta-feira era o dia da traição de Jesus, e a Sexta o dia da crucificação.  Estes dois dias eram observados pelos primeiros metodistas.
                Gregório magno durante as invasões bárbaras sugerira aos bispos da Sicília o uso de uma litania de intercessão a ser cantada nesses dias durante todo o ano. Na Inglaterra medieval estes dias eram marcados pelo Cântico da litania, em geral em procissão, e Cranmer continuou a tradição no Livro de Oração Comum.

IV. A Quaresma
A quaresma é mencionada pela primeira vez no Concílio de Nicéia.  Foi criada a partir de duas práticas da Igreja Primitiva: O longo jejum anterior à Páscoa e o período de preparação para o batismo. Desde o II século o candidato ao batismo esperava três anos para ser batizado. O batismo ocorria uma vez ao ano, no dia da Páscoa. Na Sexta feira ele ia à igreja e colocava as roupas de neófitos. Ali ficava em jejum até o Domingo da ressurreição onde era batizado nu, em geral por derramamento.
O número quarenta foi determinado pela duração do jejum do Senhor Jesus no deserto. Para alguns líderes da igreja do passado, a quaresma terminava na Quinta-feira Santa e a contagem de 40 dias não contemplava os sábados e domingos.

V. Domingo de Ramos
                A feição característica do Domingo de Ramos na Jerusalém do quarto século era a procissão de palmas iniciada no Monte das Oliveiras na direção da cidade, de tarde. Essa cerimônia foi imitada pelos fiéis da Espanha no quinto século, e da Gália, no sétimo.  Desde os tempos primitivos começava em algum lugar fora da igreja principal. No início da idade média, o centro da atenção era o Livro do Evangelho, infelizmente depois foi substituído por relíquias e pela hóstia.
                Na Alemanha empregava-se um burrico de madeira, sobre rodas, com a figura do Salvador montado em seu dorso, chamado Palmesel.

VI. Quinta-Feira Santa
A Quinta-feira Santa é o dia mais complexo do calendário Cristão. Na Igreja Antiga, neste dia combinavam três elementos importantes: a comemoração da última Ceia, a reconciliação dos penitentes e os vários ritos preparatórios para o batismo do Sábado Santo, especialmente a consagração dos óleos. Na época de Ambrósio praticava-se o Lava-pés em Milão no Sábado Santo, contudo, esta celebração foi originalmente realizada na Quinta-feira. A Igreja do II século celebrava a primeira Santa Ceia da Semana Santa neste dia.

VII. Sexta-feira da Paixão
As duas características mais marcantes da liturgia da Sexta-feira Feira da Paixão no Ocidente era a veneração da Cruz e a comunhão do sacramento reservado, também chamada de Missa dos Pré-Santificados. Era costume, nos dias de semana, quando não havia celebração da Missa, ter a comunhão nas casas a partir do sacramento reservado. Não se sabe exatamente quando o costume passou das casas para as igrejas, mas a mais antiga evidência documentada situa-se no começo do século sétimo em Constantinopla.


VIII. Sábado Santo e Vigília da Páscoa
A característica mais antiga do Sábado Santo era o jejum total. Era um dia considerado a-liturgico por excelência: nele não se celebrava a Santa Ceia nem nas Igrejas do oriente nem nas Igrejas do Ocidente.
Neste dia dava-se início a uma grande vigília que durava a noite inteira com cânticos, leituras e orações. Em algumas igrejas eram celebradas reuniões de oração que começavam na parte da tarde e ia até o outro dia.
Agostinho dizia que esta era a mãe de todas as vigílias. 23 sermões de Agostinho que sobreviveram até aos nossos dias, foram pregadas nas vigílias pascais.
Ao longo do tempo, a vigília do Sábado Santo ganhou três propósitos: O batismo dos Catecúmenos, a iluminação e bênção do Círio Pascal e a bênção do fogo novo.
A véspera da Páscoa já era considerada tempo por excelência para o batismo nos dias de Tertuliano, mas foi apenas no quarto século que o número de batizados de adultos aumentou. Neste dia também se celebravam a bênção da Pia Batismal, onde as pias eram consagradas.

IX. Pentecostes:
Os cinquenta dias da Páscoa constituem a mais antiga quadra do ano Cristão, correspondendo em parte ao período do calendário judaico entre a Festa dos pães Asmos e a Festa das Primícias. Tertuliano refere-se a esse período várias vezes. Trata-se de um longo Domingo de cinquenta dias.
A Carta de Atanásio fala de magna dominica, grande Domingo – onde consequentemente não se pode jejuar nem ajoelhar.
Mais tarde a festa do Espírito Santo passou ser a Festa da descida do Espírito. Foi somente na segunda metade do século quarto que a Ascensão foi comemorada como evento histórico quarenta dias depois da Páscoa e o Dom do Espírito cinquenta dias depois da Páscoa. Esta festa nasceu por causa da necessidade de instituir uma celebração para destacar o papel do Espírito Santo frente as seitas que o negavam. 

X. Natal
A festa do Natal procurou substituir os festivais pagãos relacionados com o solstício de inverno no dia 25 de dezembro. A data de 25 de dezembro foi fixada para celebrar o nascimento do sol em 274, somente sessenta e dois anos antes da primeira evidência da celebração cristã do Natal em Roma. O Natal passou a ser amplamente celebrado somente a partir do quarto século.

XI. Epifania
                A comemoração da Epifania é mais antiga do que a do Natal. Comemorava tanto a natividade de Cristo como os eventos relacionados com ela, bem como o seu batismo e o primeiro milagre de Caná. A festa da Epifania procurou substituir os festivais pagãos relacionados com o solstício de inverno no Oriente, em Alexandria, no dia 06 de janeiro. Este dia estava ligado ao nascimento virginal de Aion/Dionísio e com diversas outras lendas de epifania nas quais os deuses se manifestavam aos seres humanos, inclusive transformando água em vinho. Para mostrar a soberania do cristianismo, passou a ser celebrado a Epifania de Jesus. Segundo a narrativa de Egéria o conteúdo em Jerusalém era a natividade. Jerônimo que morreu em 420, que passou 45 anos no Oriente, 24 deles em Belém, afirma que o batismo era o conteúdo principal da Epifania. No ocidente na festa da Epifania se comemorava a adoração dos magos, o batismo do Senhor e o milagre de Caná. Tudo indica que o Natal e a Epifania eram uma única celebração e depois vindo a se dividir em dois.
                No oriente, já na época dos pais capadócios, a Epifania era celebrada como dia de batizados.

XII. Advento
Hilário de Poitiers (morto em 367) menciona um período preparatório de três semanas para a Epifania na Galia. Nos séculos quinto e sexto esse período foi aumentado para quarenta dias e calculado a partir do Natal. Em Roma originalmente praticava-se apenas um dia de jejum antes do Natal. O Livro de Oração Comum e o Missal romano de 1570 só tem um Advento de quatro semanas. Até o século doze o Advento ainda era considerado um período de festa com o uso de vestes brancas e com o canto do Glória in Exelsis. A Igreja Ortodoxa observa um jejum preparatório para o natal, a partir de 15 de novembro.

Conclusão:

Esses são apenas alguns pontos que destacamos na história da Celebração. Muitos importantes e curiosos temas não foram abordados. A cultura de cada região corroborou com as interpretações das igrejas com relação a sua vida litúrgica.  O protestantismo assimilou parte da liturgia católica e abandonou outras que achou contrárias a Palavra de Deus.

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